quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Entendendo a evolução de divertículos




A doença diverticular do intestino grosso - DDIG - é uma doença fascinante: às vezes não apresenta qualquer sintomatologia clínica, nada mais se constituindo além de um achado casual da colonoscopia ou do enema opaco; outras vezes manifesta-se de forma caleidoscópica, simulando inúmeras afecções abdominais; e ainda, outras vezes instala no abdome do paciente um quadro gravíssimo de perfuração ou obstrução intestinal. Confundindo-se, às vezes, com uma simples colopatia neuropsicogênica caracterizada por discretas dores abdominais e diarréias mucosas inespecíficas, para, outras vezes, induzir a erros no diagnóstico diferencial difícil como um câncer colônico, uma cólica renal ou uma apendicite.


Definição

Divertículo = saliência parecida com a ponta de um dedo de luva, que pode localizar-se em diferentes áreas do trato gastrintestinal, mas se manifesta com mais frequência entre as fibras musculares das paredes do intestino grosso. Pequena quantidade de fezes pode penetrar e ficar retida entre os divertículos. Do mesmo modo, se houver condições favoráveis, podem alojar-se colônias de bactérias.


Classificação

Hipotônico: instala-se como decorrência do afrouxamento da musculatura lisa do intestino.

Hipertônico: é provocado pelo aumento anormal do tônus dessa mesma musculatura e pelo crescimento significativo da pressão no cólon.


A presença de vários divertículos no intestino caracteriza a diverticulose. Acredita-se que grande parte da população com mais de 60 anos seja portadora assintomática dessa condição.


A diverticulite se instala quando os divertículos ficam inflamados ou infectados, podendo apresentar abscesso ou perfuração. Nesses casos, é maior o risco de os resíduos intestinais escaparem para a cavidade abdominal e provocarem uma complicação chamada peritonite.

Causas
Entre as causas da diverticulose destacam-se:
* O envelhecimento, e a consequente perda de elasticidade da musculatura intestinal;
* A dieta alimentar pobre em fibras;
* O aumento da pressão no interior do cólon;
* A predisposição genética.

Sintomas
Em grande parte dos casos, diverticulose é uma doença assintomática, que passa despercebida e só é diagnosticada numa investigação eventual. Quando os sintomas aparecem, são queixas inespecíficas de desconforto abdominal, mais do lado esquerdo, prisão de ventre e alterações dos hábitos intestinais.
A diverticulite aguda é um sinal de complicação da doença diverticular. Dependendo da gravidade do quadro, os sintomas mais importantes são: dor abaixo do umbigo, que se desloca para o quadrante inferior esquerdo do abdômen, constipação, diarreia, sangue nas fezes, dificuldade para urinar, febre, náuseas e vômitos, fístulas, sangramentos.

Diagnóstico
O diagnóstico da diverticulite aguda leva em conta a história do paciente, o exame clínico e os achados da tomografia computadorizada. O enema opaco e a colonoscopia não devem ser indicados nessa fase inicial, porque o trânsito livre das fezes pela perfuração do divertículo pode provocar um quadro de infecção abdominal e peritonite grave.
Estabelecer o diagnóstico diferencial
da diverticulite é indispensável para distingui-la de doenças como apendicite, câncer de cólon e doença de Crohn, entre outras.


Tratamento
Se não houver sinais de gravidade, o tratamento inicial da diverticulite associa dieta leve e líquida à prescrição de analgésicos e antibióticos. Em geral, em 72 horas, 80% dos casos evoluem para cura.
Se a resposta for diferente, restam duas opções: a cirurgia para a retirada da parte do intestino comprometida pelos divertículos e a drenagem dos abscessos através de punção transcutânea, se eles forem pequenos.
Como as recidivas da diverticulite aguda costumam ser frequentes, a cirurgia pode ser programada de acordo com a conveniência e condições orgânicas dos pacientes.

Recomendações
* Inclua preferencialmente alimentos com alto teor de fibras na sua dieta habitual. Frutas, vegetais, cereais integrais e grãos são importantes para o processo digestivo como um todo e fundamentais para o bom funcionamento intestinal e para prevenção da doença diverticular;
* Beba pelo menos dois litros de líquido por dia para facilitar a formação do bolo fecal;
* Não tome laxantes por conta própria para combater as crises de obstipação intestinal;
* Lembre-se de que a atividade física ajuda a acelerar o metabolismo e, consequentemente, o trânsito intestinal.







Referências: Federação Brasileira de Gastroenterologia, Condutas em Gastroenterologia;  site <https://drauziovarella.com.br/envelhecimento/diverticulitediverticulose/>.





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